quarta-feira, 25 de abril de 2012

Desmoronado


Escrever mais de cinqüenta linhas e apagar uma a uma, uma, duas ou três vezes.... Esse tem sido o meu processo produtivo, intenso e desmoronado, que eu mesmo faço desmoronar, a marteladas, porque eu não tenho gostado das minhas coisas, por mais que eu tente soar bonito...não ando conseguindo me agradar...

Apaguei mais umas dez linhas, e vou tentando continuar com meu jeito troncho de ser, tentando expressar a inexpressão de ultimamente, sabe essa coisa de simplesmente estar feliz, simplesmente estar um pouco completo...essa coisa de me sentir completo traz a terra toda a inspiração, essa coisa de não sentir dor, de sofrer menos....essa coisa....eu ando vazio de tão completo... “Conheço homens feito você, nunca estão completamente felizes, sempre procurando mais alguma coisa, sempre imersos em si...” (ouvi isso de um alguém qualquer) Será que é isso? Mas eu to tão bem, to tão feliz....isso de me construir a partir de modelos, do que as pessoas dizem de mim, talvez seja isso que esteja contribuindo para a minha constante desconstrução...ai vem aquela onda de frases clichês das pessoas pouco amadas, “vou ser eu mesmo e a sociedade que morra”, e todo esse lixo pré-modulado, entretanto é isso,  tentar filtrar o que me afeta (tudo me afeta, tudo me muda, tudo muda todo mundo e eu não seria imune...), me afetar menos, me mudar menos, me influenciar menos...deixar a natureza ser.... 

Essa tentativa esquizofrênica de construir um discurso, é a representação do meu eu, descoordenado, cheio de parênteses para explicar pontos que nem eu entendo nem os parênteses por mais longos que sejam se explicam, cheio de reticências porque não tem mais o que dizer, não sei mais o que vem depois, um texto em escombros...sou eu, um grande desconhecido de mim....

E o que começou falando sobre a fadiga de não conseguir escrever, passou pela vida e culminou em mim, se repete, eu falo de mim, eu envio cartas a mim é tudo endereçado e datado, só que agora no meio, tem um (muito) pouco de um outro alguém.... 

E comigo é sempre tudo assim, desmoronado, é tudo em ruínas recém-construídas....

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