sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Perdido em mim



Inspira, desce escada, expira, badalo! continua... Vai fundo, mete o pé na lama branca da escuridão, sente subir no corpo, doer o pescoço, coçar a cabeça, reverberar e fazer loops no estômago, borboletas com asas de navalha, que trazem prazer que dói, que sangra; calafrio que lambe as costas, do inicio ao fim, do fim ao inicio, alonga, estala, espreguiça, prepara, vai!


Agora, já dentro -de mim-, começo a revirar as caixas em busca do que me dói, não sei se sou eu ou se é você, ou quem sabe eles, ou pior, ela, a sociedade maldita que me revira a alma dia pós dia, com seu perfume pútrido exalado de suas rosas de aço negro fundido. Mas como bem já disse, ainda não sei, para descer até aqui, deve ser algo sério, ou não, é tudo tão vago e incerto, tudo tão nada, talvez seja só pelo prazer que me dar escrever enquanto me reviro! É tão bom me decifrar, mesmo que seja para outros códigos! Mesmo que ninguém vá entender, nem eu mesmo, mas entrar em contato com as dores! Com tudo, é uma dor e um prazer necessário, as vezes venho aqui na tentativa de achar mais uma dor para me dar sentido, afinal, o que seria vida sem a maldita e linda dor(?). A minha, ao menos, não seria nada, porque, minha vida, é minha arte, que só brota de artéria rasgada, de pele ralada. Mas, então, vou ver se acho alguma coisa para falar, mas em verdade, eu já falei foi muito, apenas do atravessar o mundo verdadeiro e entrar em mim, no meu torpor –que desliga-me do mundo e pluga-me a mim, inteiramente a mim-, no meu casulo de irrealidade real, só essa aventura, já me rende o que falar, só o exercício de me destroçar, já me dá o que falar... Mas deixe-me dar uma olhada, parece que há uma tabua solta sufocando algo à ser mostrado...

Não é nada traduzível em palavras, apenas em lágrimas, então, enquanto elas esquentam meu rosto, vou finalizando com um sentimento, que começa com tristeza, passa para o arrependimento de ter procurado e termina na boba felicidade de ter achado... Bem como aquele chiclete que muda de sabor... Sou eu...eus...
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Estranho, sem forma, delírio da madrugada fria e quente.

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"Gentileza gera gentileza." - Profeta Gentileza.