quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Encantamento


Numa entristecedora tarde de outono...

Para contrariar os dias nublados, neste entardecer, o Sol brilhava incandescente enquanto se deitava. Enquanto eu protegia meus olhos de seu tom alaranjado, eu sentia as folhas amareladas e secas, da arvore que repousava sobre mim, caírem, elas se juntavam sobre mim, me rodeando, tirei a mão do rosto, o Sol era abrasador, feria minha vista. Mas eu assentia e corajosamente deixava meus olhos abertos, foi então que me acostumei com a dor e desconforto, eu penetrei o mais profundamente possível meu olhar no Sol e vi.

O Sol era como uma jóia cintilante, que reluzia em outras menos preciosas, sua beleza tão intensa que a maioria se negava a encará-lo diretamente, ele repousa sozinho em seu esplendor.

O mais belo astro é prisioneiro de sua beleza, toda sua luminosidade, é convertida em grades intransponíveis. Sua beleza descomunal o trazia como errante e arrogante, dizem que pode cegar.

O sol parecia chorar em sua solidão, não era admirado como a lua, que se aproveitava de restos de seu esplendor. Ele pensa: "Queria ser negro como a noite, e reluzir um astro poderoso." Ele agoniza em sua jaula. E então a Lua, eterna refletida, pergunta: "— Sol o que aflige um tão belo astro como você?" O Sol relutante responde: "— É que Lua, você é admirada e reverenciada, enquanto eu, apenas gero desconforto aos homens." A Lua respirou e disse: "— Sol meu amigo, não se atenha apenas a visão de alguns, pois eu tenho certeza de que alguém lhe observa e admira de algum lugar. Afinal de contas, a beleza está nos olhos de quem vê." O Sol sorriu, e disse: "— Obrigado Lua, suas palavras serviram de grande alento a minha alma triste." A Lua assentiu e o Sol pode repousar com todo seu esplendor.

Eu pisquei meus olhos e ele já havia sumido, e a sombra da lua já estava a aparecer. O papo entre astros me fez bem, a tarde triste, tornou-se alegre.

9 comentários:

"Gentileza gera gentileza." - Profeta Gentileza.